Cachaças

Cachaça Maria Izabel Jequitibá 700 ml

CÓDIGO: cach601


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Origem: Paraty/RJ

Madeira: jequitibá

Envelhecimento: 1 ano

Teor Alcoólico: 44%

Volume: 700ml

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Descrição

Detalhes

Origem: Paraty/RJ

Madeira: jequitibá

Envelhecimento: 1 ano

Teor Alcoólico: 44%

Volume: 700ml



É a menor dos sete produtores que ainda fazem cachaça em Paraty, a cidade brasileira cujo nome no passado chegou a ser sinônimo de cachaça. Mas Maria Izabel é também a mais especial — e é por isso que a bebida que sai do seu alambique artesanal é única. 

Havia em tempos em Paraty, no Brasil, uma menina morena de longos cabelos negros que andava sempre descalça e levava o seu cavalo para tomar banho no rio. Os anos passaram, a menina cresceu, foi mãe de seis raparigas, mas continuou a andar descalça pelas ruas da cidade. Hoje, Maria Izabel é avó e faz aquela que muitos consideram a melhor cachaça de Paraty, à qual deu o seu nome. “Sou alambiqueira”, resume, com um sorriso doce. 

Depois de sairmos da estrada principal, o caminho até ao Sítio de Santo Antônio, a oito quilômetros de Paraty, onde vive Maria Izabel, não é para qualquer carro. Mesmo assim, hoje os veículos motorizados já conseguem chegar até este pequeno paraíso à beira-mar, no Corumbê, coisa que há uns anos não acontecia. Na estrada cruzamo-nos com Maria Izabel, que guia descalça, o cabelo preso numa trança, e que avisa que volta já, não demora um minuto. 

Daí a pouco está de regresso e, junto ao pequeno alambique artesanal, conta-nos a sua história. “Eu não tinha estrada, usava mais o barco para transporte do que aqui se produzia, ou a trilha que às vezes fazia a cavalo, que era bem gostoso.” Isso antes de começar a plantar a cana-de-açúcar para produzir a cachaça. O que a levou a isso foi ter um dinheiro para investir e saber que outro negócio obrigá-la-ia a deixar o Sítio de Santo Antônio, dado que sem estrada tudo seria muito difícil. Resolveu então apostar na cana e voltar a fazer cachaça como os seus antepassados já tinham feito e como sempre foi tradição em Paraty. Estávamos em 1997.

“Desde a segunda metade de 1700 que tinha antepassado meu fazendo cachaça em Paraty. Chegou a haver por aqui mais de 150 alambiques. Quase todas as fazendas produziam cachaça, que era mandada para Portugal para pagar as dívidas da coroa”, conta. No tempo dos escravos era fácil ter mão-de-obra para o trabalho duro que é a plantação e colheita da cana nos morros inclinados mas, com o fim da escravatura, e com o declínio de Paraty, que chegou a ser muito importante como rota do ouro e porto de chegada de escravos, a economia local foi decaindo e o número de produtores também. Em 1872 já eram apenas 53 os engenhos locais. Hoje existem sete, dos quais Maria Izabel é a que tem a produção mais pequena — uma média de oito mil litros por ano, enquanto os produtores maiores fazem cerca de 20 mil. 

Na sala onde repousam as barricas e onde faz as provas de cachaça, tem alguns jornais e revistas que a ajudam a contar esta história. Numa delas está a famosa fotografia de Fernando Pessoa a beber uma ginginha em (nas palavras do próprio poeta) “flagrante delitro”. Maria Izabel aponta para as garrafas numa prateleira, ao fundo da imagem, cujos rótulos dificilmente se conseguem ler, e identifica a palavra “Paraty”, que durante muito tempo foi sinônimo de cachaça tal era a importância da produção da região. “Vê? Havia garrafas da cachaça daqui em Lisboa naquela altura.”

Depois vai buscar um documento antigo, emoldurado: uma carta de 1866, do representante comercial no Porto, que confirma a exportação para Portugal da cachaça feita pelos seus antepassados, entre as quais uma especial, de tom azulado, batizada como Laranjinha Celeste, e que Maria Izabel continua a fazer hoje (o que dá esse tom especial é o acréscimo ao caldo de cana fermentado, no momento da destilação, de folhas de mexerica, uma espécie de tangerina). 

A família de Maria Izabel sempre foi uma das mais importantes de Paraty. O produtor de cachaça era o bisavô, Francisco Lopes Costa, na altura numa fazenda chamada Bananal, mas a figura mais conhecida e popular é o seu avô, Samuel Costa, que foi também prefeito da cidade. Maria Izabel gosta de contar a história de como um dia, no tempo em que os mortos eram levados de canoa para o cemitério, ele ficou chocado porque uma das canoas virou e morreu mais uma pessoa. 

Samuel Costa foi então ao Rio de Janeiro pedir ajuda para a construção de uma ponte e disseram-lhe que se ele construísse a ponte lhe dariam depois o dinheiro correspondente. Ele conseguiu juntar homens, materiais e boas vontades e fez “a ponte mais linda, que era uma poesia, o lugar das serenatas”, e quando vieram avaliá-la deram-lhe mais dinheiro do que ela tinha custado. Foi com esse excedente que ele comprou as turbinas que permitiram à cidade ter pela primeira vez energia elétrica. 

No entanto, ao Sítio de Santo Antônio esta só chegou muitas décadas mais tarde, em 2005, pelo que quando começou a fazer cachaça Maria Izabel moía a cana com a ajuda de um motor a diesel. Hoje já há eletricidade, mas ela tenta manter a sua produção tão artesanal quanto possível — só usa a cana que ela própria planta (num morro inclinado, “porque senão ela não consegue ter o teor alcoólico ideal”, e junto ao mar, “o que dizem que faz o diferencial da cachaça de Paraty”), e faz ela própria o fermento a partir de uma receita antiga à base de milho, que lhe foi passada por outro produtor local, Pedro Peroca. 

“O meu critério é que eu penso no produto, não penso no negócio. Gosto das coisas de um tamanho que eu entendo. E sei que se a cana mói no mesmo dia em que é cortada, isso melhora muito a cachaça.” Percorremos a zona em redor do alambique enquanto a ouvimos explicar o processo: “O alambique funciona com lenha. Depois de moída a cana, o caldo vai, por gravidade, para as dornas [cubas de aço inox], onde fica com o fermento durante 24 a 30 horas. Depois o caldo vai a ferver a 100 graus, o vapor vai subir, atravessa aquela panela e vai condensar. A cachaça vai sair aqui.”

Enquanto isso acontece, Maria Izabel vai vigiando o processo deitada na sua rede, lendo um livro. Quando é preciso, intervém para controlar a temperatura e, depois, para fazer “o corte”, que “é muito importante para se ter uma cachaça boa”. A primeira cachaça vai fora, uma segunda parte é reservada e eventualmente usada para “limpar vidros, como se fosse um álcool”, e, no seu caso, ainda é retirada uma terceira parte. “Essa já seria normalmente uma boa cachaça, mas eu fico preocupada com o meu produto e não arrisco.”

Tudo isto significa que durante a época de produção, com duas destilações por dia, “e se a cana estiver boa de açúcar”, de 500 litros de caldo saem 60 “de cachaça de boa qualidade”. Quando sai anda pelos 56 graus de álcool, mas o valor vai baixar até aos 44. Depois fica a repousar nas barricas. “Quando está nos barris descansando, eu descanso também um pouquinho.” 

Uma parte é armazenada em tonéis de jequitibá, uma madeira que não tem qualquer interferência na cor, sabor ou aroma (essa é a chamada cachaça branca), e a outra é envelhecida em barricas de carvalho durante pelo menos 12 meses, o que lhe confere um tom mais dourado e um teor alcoólico mais baixo. Há ainda uma Reserva Especial, que pode ser provada por quem visita o alambique. 

Ao fim do seu estágio em madeira, a cachaça é engarrafada,e ganha o mais belo dos rótulos de cachaças de Paraty, desenhado pelo ilustrador Jeff Fisher, e oferta de Liz Calder, a criadora da FLIP, a Festa Literária de Paraty.



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Código do Produto (SKU) cach601